Schadenfreude: A reflexão

down

Segunda maior praça do mundo.

Maior vestido que muitas pessoas já viram na vida.

Sentimento de menor pessoa do mundo.

Corta.

Dá um laço.

Joga.

Não ficou bom.

Mais uma vez!

CortadáumlaçojogaCortadáumlaçojogaCortadáumlaçojogaCortadáumlaçojogaCortadáumlaçojogaCortadáumlaçojoga

Pensa!

Pensa!

Pensa!

Em vermelho? Em preto? Whatever!

De jeito algum parece dar jeito.

Programa: sentado na grama, usando um longo vestido branco, devo cortar pequenos pedaços de fita de cetim vermelha ou preta, fazer laços e jogar sobre o vestido. Tempo: indeterminado.

Além do Esterno

Apesar da distância de tempo entre a exposição e a postagem, decidi colocar aqui os registros fotográficos e alguns trechos do texto de apresentação dessa exposição que, apesar de pequena, tem uma grande importância para a minha vida artística. Trabalhar com um tema que, das mais diversas formas, esbarra nos tabus pessoais e sociais alheios faz com que se obtenha os mais variados tipos de feedback, desde a supervalorização do trabalho até críticas de que estou longe de “fazer arte”.

Fotos: Thaíse Nardim

“À primeira vista o título da exposição “Além do Esterno”, referente ao osso da parte frontal do corpo humano, pode parecer estranho para o expectador. O esterno, um osso chato que nos seres humanos esta localizado na região anterior do tórax. Junto com as costelas e a clavícula o esterno forma a caixa torácica, onde ficam protegidos os pulmões, o coração e os grandes vasos. Pois bem, o título escolhido remete tanto ao interno quanto ao externo do corpo humano

 Partindo das noções de corpo atingidas nas várias fases da vida e na noção cultural, os artistas analisam o tabu construído em torno do corpo desnudo. A exposição “Além do Esterno” perpassa por questões éticas, morais, religiosas e pessoais perante a beleza de um corpo despido, interna e externamente.

A exposição relaciona o conceito de nudez com a vergonha, embora esta tenha sua independência enquanto sentimento. O conceito de nudez depende essencialmente da localização espacial e temporal. Ela pode ir de extremos como a nudez apenas no caso da ausência de aparatos ou em casos de religiões  que consideram mulheres sem véu protetor como nuas.”

Vone Petson – Curador

 

 

 

Local: Galeria de Artes do Centro de Atividades do SESC-TO

Período de exposição: 29/10Q11 a 29/11/11

Dadá para 40 pessoas

Dias antes da abertura do evento “Amazônia das Artes 2012” eu, membro do Núcleo de Pesquisa em Performance do SESC-TO, em um momento de sair do meu mundinho paralelo em que todos aceitam e compreendem a arte em seus mais diversos formatos, acabei por me deparar com o enorme preconceito dos meus colegas de faculdade para com a arte da performance. A primeira reação como bom estudante de artes dogmatizado é de sair explodindo cabeças pelo mundo. Como bom ser humano que sou, acabei não sucumbindo ao instinto inicial e qual foi o resultado final? PERFORMANCE.

Foto: Ln Lago

Comprei 40 garrafinhas (como pode ser visto na foto) e coloquei dentro de cada uma um bilhete amassado. Por fora, amarrei um pequeno bilhete pedindo para não abrir o frasco, mas quebrá-lo após as 22h. Comecei a distribuir por volta das 19h, durante a abertura do evento. Dos 40 frascos distribuidos, apenas um tive a confirmação de que foi quebrado (pelo menos um!!!). O bilhete, escrito por mim continha as seguintes frases:

“Quebrar o pequeno frasco. Quebrar ovos. Quebrar ossos. Quebrar conceitos. Quebrar preconceitos. Quebrar-se interiormente pra deixar fluir o seu fluido, se misturando com o do próximo, do distante, do destoante, do diferente. Produzir arte.”

Foto: Arquivo pessoal

Local/Evento: Centro de Atividades do SESC-TO/Amazônia das Artes (abertura)

Data: 04/05/2012

Performance: Desatenção Y

“Deficit de atenção, geração Y, ritmo de vida do 3º milênio, todos usados como desculpa para a falta de atenção, que será posta a prova, buscando o sucesso com a certeza da falha.”

Performance-teste, em que um performer desatento se coloca na posição de cobaia para testar sua própria concentração, realizando 3 atividades ao mesmo tempo, sabendo que não consegue realizar nem duas de forma satisfatória.

Fotos:

Leandro Pena

Ludmila Castanheira

Thaíse Nardim

Valéria Branco

Programa: Durante 20 minutos o performer se propôs a realizar 3 atividades concomitantes: falar ininterruptamente, sendo o seu discurso sem texto prévio, totalmente improvisado; ouvir música em volume alto; apagar velas acesas no chão, molhando a ponta dos dedos e mirando as gotas nas chamas a uma altura de quase 1 metro.

Local/Evento: XI Festival de Apartamento – Campinas-SP

Data: 04/02/2012

Performance: Distribuição de ar ou Assassinatos Divinos

 O performer se fecha em um mundo paralelo, encontrando a segregação. Tendo o poder de desfazê-la, a dor e a morte alheia lhe parecem inevitáveis. Só resta lamentar e seguir em busca da igualdade, já que todos respiram o mesmo ar.

Fotos: Arquivo Pessoal

Programa: preso em uma trama de fitas e barbantes, divididas em 4 “casulos”, estando um casulo com balões pretos e outro com balões cor de rosa, o performer tenta misturar os balões nos quatro espaços existentes, ao som de Pan’s Labyrinth Lullaby, da trilha sonora do filme El laberinto del fauno. Cada vez que um balão estoura, o performer pega um pequeno papel anteriormente inserido no balão, em que se está escrito “Aqui jaz um balão” e, com o auxilio de um clipe metálico o prende na fita externamente, para visualização pública.

Performer: Filipe Porto/Núcleo de Pesquisa em Performance do SESC/TO

Local: Centro de Atividades do SESC-TO

Evento: Festival Aldeia Jiquitaia

Data: 30/10/2011

Performance: Mel-o-drama à trois

Essa performance se comunica com o trabalho performático da artista Thaíse Nardim, agindo de forma antagônica às discussões da artista em questão. Enquanto sua criação discute uma relação individual com o ser romântico, dramático e clichê, o mel-o-drama à trois vai rumo à banalização sexual, deixando pouco espaço para o romantismo e expressão de sentimentos platônicos. Esse trabalho tem por intuito discutir a máquina em seu aspecto anti-romântico e não conservador.

Por outro lado, em um aspecto mais primitivo, esse ser, essa máquina, tem uma essência humana que é vista em todos os seus momentos. Seja como máquina de clichês românticos, seja como antagonista de si mesmo, seja como uma revolta sexual, em todos os aspectos se encontra a mesma criatura: um ser… humano.

Fotos: arquivo pessoal

Programa: o performer Filipe Porto permaneceu amarrado, enquanto os performers Eliene Lago e Roni Bianchi colocavam pedaços de faixa de gaze embebidas em groselha por todo o corpo do performer amarrado de forma a cobrir o corpo lentamente. Na frente de Filipe estavam velas acessas, dispostas de forma aleatória, que tentava apagá-las.

Performers: Filipe Porto, Eliene Lago e Roni Bianchi

Local: Bloco D da UFT/Palmas (II Semana Acadêmica de Artes)

Data: 30/01/2012

Performance: Contato Seguro

A performance faz referência ao conceito da exposição EXCLUSIVOINCLUSIVO, dialogando com a questão espacial de forma mais subjetiva. Questiona o espaço existente entre as pessoas e a sua acessibilidade. O quanto do contato humano realmente ultrapassa o físico? Existem barreiras? Qual a “espessura” dessa barreira?

Fotos: Arquivo Pessoal

O performer se cobriu completamente de papel filme/PVC e se colocou-se a disposição do contato com os observadores, seja através de um abraço ou de um beijo.

 

Data: 15/12/2011

Local: Galeria de Artes do Centro de Atividades SESC/TO em Palmas.

Em busca do estado de espírito performático perfeito – Atividade 7: Em todas as refeições, fazer misturas alimentícias fora dos padrões de normalidade

Como finalização da minha atividade, sexta-feira me propus a fazer algo que tem se tornado uma ideia a se desenvolver nas minhas atividades performáticas: fazer misturas alimentícias incomuns. Logo de início, encontrei algumas dificuldades para a realização da atividade. Além de estar hospedado na casa de uma pessoa com quem tenho pouca intimidade, meu estômago e intestino estavam dando sinais de que teria problemas. No café da manhã e almoço fiz todas as misturas malucas possíveis naquele espaço, sendo mais repugnante de comer a combinação de peixe empanado com geléia de laranja. Como minha saúde acabou chegando em um nível semi-insuportável, acabei por abortar a atividade após o almoço.

Talvez esse fator inesperado leve à discussões como o meu nível de compromisso com a atividade, sendo tal interpretação colocada com base na experiência alheia, verborragia que sinceramente não me interessa. Minha intenção ao colocar essa atividade no experimento seria de observar o quanto eu já estaria confortável com uma atividade que esteve presente em duas performances passadas e estará em no mínimo uma futura (performance inscrita no XI Festival de Apartamento).

Em minha experiência pessoal, cada ato artístico que me é proposto (sendo ele nos mais diversos campos da arte) só é aceito plenamente quando não está dentro de uma zona de conforto, seja essa zona no campo da técnica, da aceitação pública ou até física. Ao citar esse último, talvez você me questione o porquê da desistência da atividade, sendo que o próprio físico me foi determinante para tal. Bem, limito-me a dizer que esse fator desencadearia problemas em outros campos da minha vida pessoal, o que não é de interesse diretamente artístico, não cabendo então nesse blog.

O fato é: questionei meu conforto ao realizar essa atividade. Sua concretização me trouxe a resposta desejada. Pelo menos até o momento, não me encontro em uma zona de conforto com isso, o que me incentiva a utilizar tal ideia como um elemento utilizado em performance. E assim se encerra a a semana de atividades.

PS: como finalização total desse ciclo, pretendo fazer um post final sobre a experiência, aprendizado, amadurecimento obtidos durante a semana. Podem me cobrar.

Em busca do estado de espírito performático perfeito – Atividade 6: me mover desviando de todos os objetos possíveis

Na quinta feira, me propus a agir de forma a desviar de objetos que estivessem no meu caminho. Foi um dia incomum, devido ao fato de estar na casa de outra pessoa, seguindo um outro ritmo de vida. Passeios por shoppings, cafés, lojas… Inúmeras possibilidades de botar em prática essa atividade.

Nessa ação fica claro que não era a movimentação em si que importava, visto que desviar é uma atitude natural de quem se locomove por ambientes com móveis. O verdadeiro desafio seria estar atento para os momentos que tais movimentações e desvios ocorrem. Quem me acompanhou durante todo esse processo já deveria imaginar que meu “fracasso” seria uma certeza. Por várias vezes durante o dia me esqueci completamente da observação. Se desde o início eu já sabia haver uma falta de concentração, na atividade 1 ela ser comprovada, essa vem somente selar o meu compromisso com a “desconcentração”. Repetindo o que já foi dito: isso faz parte de mim e é com isso que eu devo  trabalhar.

Em busca do estado de espírito performático perfeito – Atividade 5: afixar uma mensagem por todo lugar que eu passar

Inicialmente gostaria de me desculpar pela demora na continuação das postagens. Diversos motivos se somaram e deu no que deu. Viagem, dificuldade no acesso, problemas de saúde, preguiça, enfim.

Vamos ao que interessa: na quarta feira da semana em que me propus a realizar atividades relacionadas à performance, a atividade feita relaciona-se com a imagem acima, ou seja, utilizando um “Post it”, afixei essa pergunta pelos lugares que passei. Levando em consideração que quarta feira passei o dia viajando, passando por 4 aeroportos, essa atividade perpassou o país de norte a sul, já que saí de Palmas-TO, passando por Brasília, São Paulo e, por fim, chegando em Maringá-PR. A mensagem foi afixada em todos os aeroportos e aviões passados durante esse trajeto, terminando a atividade em um bar de Maringá.

Durante o processo, fui observando que tal atividade não necessitava de grande concentração, esforço físico e conexão entre eu e um possível observador. A discussão que a atividade me instigou a fazer está na forma como o observador se relaciona com a ação performática. Em alguns casos, o observador lia e me respondia, logo após ter sido afixado. Em outro caso específico, após ter deixado uma mensagem na sala de embarque em Guarulhos, entrando no avião, vi um rapaz com o Post it na mão. Já no bar, coloquei um dentro de um cardápio e observei que, em uma mesa próxima, um grupo de pessoas se aglomerava pra ler. Algumas pessoas, ao saberem do que se tratava, comentavam haver nisso uma “poesia” ou “artisticidade”.

O mais importante nesse processo é que uma atividade foi proposta sem que se esperasse uma reação específica. Colei os papéis pelos lugares, apenas. E observei. No meu trabalho em performance é comum haver um protocolo de o que o observador/participante deve fazer. Muitas vezes, minhas orientações claras não são obedecidas, como já foi dito na atividade nro 3. O deixar o observador livre, lhe dando o direito da interferência, observa-se aí uma riqueza artística em que uma pequena fagulha (no caso, a mensagem em um pequeno pedaço de papel) gera as mais diversas explosões.

Observo nessa atividade a prática das minhas descobertas na atividade nro 3. Lá havia apenas a identificação de uma “falta” minha, ao idealizar um fim para os meus trabalhos. Aqui eu vejo a realização da proposta ali feita. Seria talvez a prova de um amadurecimento? Aguardemos…